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Ótima oportunidade ao leitor, de conhecer alguns conceitos básicos da teoria freudiana através de uma sintética, interessante e revolucionária versão não materialista. Ao relatar O SONHO que teve com o criador da Psicanálise, o autor vai expondo, de maneira acessível a qualquer pessoa interessada, os passos primordiais para o início de uma ANÁLISE pessoal, que leve em conta os anseios mais PROFUNDOS da alma.

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E aí, comeu?

Quem fizer essa pergunta a alguém recém-saído do espírito festivo de fim de ano pode ter como resposta um “sim”, pois os indivíduos ansiosos para consumir o que a moda e a mídia indicam certamente comeram muito. A prova disso é que nos dias que antecedem o natal e passagem de ano os centros comerciais ficam abarrotados de gente ávida para consumir tudo, e não só alimento e bebida... Depois, quem comeu demais entra no novo ano preocupado em perder o peso extra adquirido. Pior para os que sofreram perturbações gástricas e cardíacas, ou terminaram processados e detidos por matar ou ferir nas brigas e no trânsito, sob efeito de embriaguês irresponsável...

Consumir seja lá o que for, sem uma prévia avaliação racional, que leve em conta as prováveis consequencias, é ação que leva a excessos e a perda de CONTROLE do orçamento e de si mesmo.

Comer, igualmente, é ATIVIDADE normalmente prazerosa e tem a função de repor energias gastas, mas como todo consumo é contaminado pelo AMESTRAMENTO ideológico e comercial, e pode levar a efeitos indesejados. Toda pessoa inteligente reconhece que é difícil consumir apenas O NECESSÁRIO para se viver bem. É preciso AUTOCONTROLE, porque o amestramento ensina atividades que se tornam HABITUAIS e por isso são tidas como “naturais”. Assim aprendemos o idioma, por exemplo, e não raro lamentamos falar além do necessário...

Aliás, é praticamente inexistente a fronteira entre hábito e VÍCIO, e o indivíduo que começa a apostar, a fumar e a experimentar DROGAS, procurando o imediato PRAZER da diversão, pode ir da experimentação ao excesso do vício que o esvazia da dignidade, desgraça sua vida e a dos familiares. Depois, quando adquire um mínimo de CONSCIÊNCIA de sua patética situação, passa a perseguir desesperado, o ENORME prazer que desfrutava antes de adquirir o hábito.

Obediente a apelos sociais, da moda e das “ondas” o sujeito come para festejar, homenagear, comemorar, se divertir, etc., cumprindo rituais que foram previamente definidos por outros, sendo raro alguém questionar os hábitos dados pela cultura, que dita como, onde, quando e O QUÊ se deve consumir. Em certos lugares da China, por exemplo, cães que deveriam ser estimados são mortos e devorados pelos donos. E outros locais, cobras, insetos e répteis, que a nós causariam convulsivos vômitos, são saboreados como preciosos petiscos. Quantas pessoas percebem o CONTROLE alheio que se esconde atrás da cultura, levando- as ao costume de comer isto ou aquilo, com ou sem talheres?

A cultura ideológica também impõe os PADRÕES DE BELEZA que todos devem DESEJAR. E, o corpo “sarado”, que no Ocidente leva ao consumo de esteroides, silicones, cirurgias plásticas e de outras coisas, também conduz aos hábitos viciados de anorexia e bulimia, entre outros...

TODA criança, após nascer, é amestrada pelos pais, professores e demais pessoas, a DESEJAR se DESTACAR em ATIVIDADES que a cultura valoriza. Adulta, seus impulsos básicos e instintivos já estão direcionados para ser uma fiel seguidora da “voz do dono” ideológico. E, como TODOS são amestrados para se DESTACAR nas atividades da sociedade, a COMPETIÇÃO entre os indivíduos ocorre de modo inexorável e “natural”. Aí se compete para ver quem come melhor, de modo mais refinado, no país ou no estrangeiro...

A pergunta: “E aí, comeu?”, foi adotada para atrair espectadores a uma recente produção do cinema nacional e refere-se ao consumo de corpos. Antigamente, a frase era muito usada por machistas metidos a predadores de recatadas presas; e hoje ainda se preserva a pergunta como hábito viciado, porque o amestramento levou a fêmea a consumir EROTISMO, e ela, no afã de se igualar ao macho ignorante, também passou a CONSUMIR corpos. E querendo, pois, se DESTACAR nessa atividade que dispensa a razão, pois é animal, ambos, macho e fêmea passaram a DESEJAR CONSUMIR tudo o que promete aprimorar os dotes sedutores de presas, como roupas, turismo, shows, baladas e DROGAS associadas, em oferta no mercado de corpos...

Ora, quem não sabe que TODO VICIADO é imprevidente? Que todo VÍCIO produz o entorpecimento da mente e a perda de vontade, da dignidade moral e humana? Verifiquemos que, se vamos a um restaurante, ESCOLHEMOS um sobre o qual não paira nenhuma suspeita de ter a cozinha povoada de ratos e baratas. Mas, se fomos VICIADOS pelo amestramento a consumir DROGAS ali e dali, descuidamos da exigência de cuidadosa HIGIENE. Igualmente, a pessoa levada pela erotização ideológica perde a noção de seletividade e “consome” qualquer coisa imposta na “onda” cultural. E desprovida da dignidade humana, bem como da HIGIENE moral e comportamental, em vez de se relacionar com parceiro após conquista prévia de amor e de respeito mútuos, age como quem escolhe um frango sem cabeça exposto com as coxas abertas numa assadeira de vitrine comercial; não ama nem respeita o frango e também não se importa se este o ama e respeita.

Isso, porque o AMESTRAMENTO ideológico faz crer, que para ser feliz é preciso ser livre de responsabilidades, o que significa praticar ATIVIDADES como animal irracional, portanto, sem sentimentos sublimados

 

 

Prof. Jorge Melchiades Carvalho Filho

Fundador do NUPEP

Membro da Academia Sorocabana de Letras

Publicado na Folha Nordestina – edição de janeiro - 2013

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