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Ótima oportunidade ao leitor, de conhecer alguns conceitos básicos da teoria freudiana através de uma sintética, interessante e revolucionária versão não materialista. Ao relatar O SONHO que teve com o criador da Psicanálise, o autor vai expondo, de maneira acessível a qualquer pessoa interessada, os passos primordiais para o início de uma ANÁLISE pessoal, que leve em conta os anseios mais PROFUNDOS da alma.

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ESPIRITUALISMO   E   RAZÃO

O leitor acredita que a personalidade, a individualidade, a consciência do "eu" continua existindo enquanto espírito, alma, fantasma ou coisa que o valha, após a morte?

Quem respondeu "sim" a esta simples questão identificou-se como um espiritualista e, ainda que minimamente, alinhou-se ao lado de estudiosos geniais que postularam uma filosofia a partir da análise da consciência e da sobrevivência da alma. Enquanto postura filosófica, o espiritualismo passou dos sécs. VI a.C., de Heráclito a Pitágoras, por Sócrates, continuou com Platão e depois foi semeado ao mundo ocidental pelo Evangelho cristão, tendo sido consagrado posteriormente pelo pensamento metódico e racional do grande sábio das matemáticas, René Descartes (1596-1650), também conhecido como o pai da Filosofia Moderna. Após Descartes, uma profusão de homens e mulheres ilustres, inclusive com atuação no campo da Física contemporânea, desenvolve profícuos trabalhos dentro dessa corrente de pensamento.

Como não indaguei se o leitor é adepto de alguma religião, a sua resposta positiva é coerente com a pergunta e indica uma postura espiritualista individual e independente de qualquer vínculo que possa manter com alguma doutrina religiosa. Certamente, o leitor poderia professar o espiritualismo sem compartilhar, necessariamente, com outras pessoas, da crença nos cânones de uma religião, ou de atividades comuns orientadas por alguma doutrina filosófica. Em outras palavras, quem freqüenta uma dada igreja pode ser espiritualista também, mas o é pela crença individual na sobrevivência transcendental e não por se reunir com outros numa prática coletiva e organizada de redenção. Ou seja, uma religião é identificada pela doutrina que estabelece os princípios por meio dos quais a realidade transcendental deve ser vista, interpretada. Tais princípios servem de base ao conjunto dos preceitos, das regras que regulamentam louvores, rituais de oferendas e de orações, do canto, da caridade e da moral que os adeptos adicionam à crença básica do transcendente, igualmente como artigos de fé ou de convicção.

Porém, se o leitor respondeu que a existência da mente subjetiva, do psiquismo individual termina após a morte, então se posicionou como um materialista, ou melhor, como pessoa que só crê nas formações materiais que se apresentam no espaço tridimensional conhecido, e às quais os órgãos dos sentidos comuns podem registrar. O amigo leitor é materialista, sem dúvida, por não acreditar que a mente possa transcender p corpo material e escapar do domínio físico, após a morte. E também pode se equiparar, em certo grau, a inúmeros pensadores empiristas de renome, inclusive a muitos cientistas da atualidade. De qualquer modo, tanto quem se diz espiritualista quanto materialista, e até mesmo como cético a tudo, deve merecer respeito, porque p direito de crença deve ser respeitado como algo "sagrado" por todos os que repudiam qualquer tipo de tirania e defendem a liberdade de pensamento e de culto não só para si, mas para todos os homens.

Aliás, por falar em liberdade, a evoco em meu favor para perguntar ainda, e respeitosamente, ao caro leitor: A sua fé (crença) no espiritualismo ou no materialismo advém de hábito antigo herdado da família ou é derivada de conclusões extraídas de estudo e de sérias reflexões metódicas e racionais a respeito da natureza em geral e, principalmente, da vida e da morte? Ou a sua crença decorre de uma simples decisão tomada em algum momento de desgosto, de revolta, de dor, de esperança ou de encantamento?

O leitor deve exigir respeito por sua crença, seja qual for a religião que professe ou a resposta que dê, porque afinal, NENHUMA crença é superiora outra, enquanto não se demonstrar por meio de provas insofismáveis a VERDADE ABSOLUTA de seus termos. Como até hoje ninguém conseguiu esse feito, estamos apenas ressaltando que, se sua postura materialista ou espiritualista resultou de estudos que incluíram a observação e o estudo metódico, então, como um verdadeiro indivíduo racional, o leitor possui argumentos ponderados que servem para fundamentar ou demonstrar o quanto de verdade contém a sua crença. Não que por isso deva fazer proselitismo a favor de sua crença ou dar satisfações a alguém, mas simplesmente para que a sua fé, a sua certeza nisto ou naquilo possa servir de referência feliz para a própria existência enquanto ser racional e à dos entes afins e queridos sujeitos a sua influência sadia ou perniciosa.

Enfim, nossa ressalva apenas reflete a esperança de que a fé depositada em certas idéias possa servir de ancoradouro seguro, um ponto de partida e objetivo de chegada para as navegações de um aprendiz atento que é o comandante precário do frágil barco que é seu corpo físico, pelos tortuosos mares da vida. Se não for um turrão cabeçudo, mas um honesto e verdadeiro aprendiz, aprende, e portanto recicla e reavalia constantemente suas certezas, porque desconfia, até intuitivamente, que a entidade "subjetiva" a qual chamamos de "eu" explora o futuro tendo como referencial e base de ação a memória do passado, e por isso possui vida que vai além dos limites dados pelo horizonte dos atuais conhecimentos a respeito da realidade material e de suas dimensões de tempo e espaço...

Prof. Jorge Melchiades Carvalho Filho

Fundador do NUPEP

Membro da Academia Sorocabana de Letras

Publicado na Folha Nordestina – edição de fevereiro - 2011 - página 13

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