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Relações Fast Food

Quem já não ouviu alguém se queixando de falta de tempo para se dedicar ao aprimoramento das relações com parentes e amigos? É queixa muito comum nos dias atuais, porque parece que todo mundo está com pressa de progredir profissionalmente e de gozar dos prazeres oferecidos no mercado das diversões. O encontro festivo no churrasco de fim de semana, na cerveja da sexta-feira ou na cabeleireira, porém, se dá em clima de superficialidade, no qual falta autêntica atenção, carinho e compreensão.

Nessa correria, então, as relações interpessoais são iguais a refeições fast food, e o prazer de saborear com calma o que se tem no presente é substituído pela ilusão de vida plena, no futuro.

Entre as pessoas que dedicam seu tempo a realizar esforços e estudos para vencer profissionalmente e para aproveitar os prazeres das diversões em voga, é pouco provável que alguém se disponha a “perder tempo” no esforço de aprofundar a compreensão sobre o outro, pois a própria compreensão de si mesmo, que exige reflexão apurada sobre aspectos psicológicos e espirituais, também é relegada ao porvir.

Afinal, para viver correndo atrás do “pão e circo”, fornecido pela ideologia política e econômica, basta a noção difusa e confusa de uma existência cercada por coisas e pessoas de todos os lados. E as pessoas, dentro desse contexto, são julgadas apressadamente tendo-se por referência a simpatia ou antipatia espontânea que causam, pois, como dizem: “a primeira impressão é a que fica”. Terminam, então, sendo “conhecidas” apenas pelos estereótipos formados em função da disposição humoral e preconceituosa de quem julga.

Assim é que, sob as desculpas que tornam relevantes apenas as exigências impostas pela cultura, muitas pessoas dificultam o aprofundamento das relações afetivas com o semelhante e com a natureza que as gerou e as sustenta. Facilitam, por outro lado, a proliferação de pessoas superficiais que fazem um estardalhaço danado quando falam da proteção à natureza e são levadas por campanhas demagógicas a plantar mudinha de árvore que será derrubada tão logo convenha ao progresso da selva de pedra. Depois disso, são levadas a plantar outra e a repetir estardalhaço tão leviano quanto o anterior. Por tal razão é tão difícil encontrar quem verdadeiramente busca compreender o efeito das próprias ações nas relações com outras pessoas e com os rios, matas e animais...

Jogar plástico nas ruas, entulhar calçadas com obstáculos que de algum modo dificultam o trânsito seguro dos cidadãos, ser indelicado e dirigir veículos agressivamente etc., ou se omitir perante isso tudo, são atos geralmente inconscientes para os que não fazem periódica avaliação consciente dos próprios atos. Alienados das consequências produzem sem o menor constrangimento, culpa ou vergonha, enchentes e outras tragédias que dificultam a vida de todos.

As religiões, derrotadas na função de levar os homens a meditar sobre aspectos éticos e morais ligados à humanidade ou sublimidade, aprimoram a arte da sedução com promessas de progresso material e se propõem a reunir adeptos com inclinação a venderem fé. O vil metal impera na luta constante por sucesso; e os indivíduos, apinhados em multidões alucinadas, estão cada vez mais isolados uns dos outros e achando normal pagar para receber atenção e compreensão, como se realmente recebessem.

Foi-se o tempo do clínico geral amigo da família. Hoje, os profissionais que nos atendem em todos os campos da saúde física e emocional parecem seguir o lema, “time is money” e colocam os pacientes em filas nos consultórios, numa sucessão parecida com a dos bois na trilha do matadouro (com raras exceções, é claro). Nessas relações, diz o profissional que zela pela impessoalidade, para não se envolver com o problema do outro e manter a serenidade indispensável, e isto parece correto. Mas, com esse mesmo pretexto pode passar a lidar com não pessoas ou com meras cifras monetárias...

A ansiedade e as depressões geradas pela ausência do conforto amigo (só disponível nas relações parentais e amigas preparadas com especial labor ético ou moral) são os sintomas mais corriqueiros produzidos pela política econômica liberal que propositalmente leva ao individualismo inconsequente e consagrado pela busca de conforto no consumo das mercadorias diversas, entre as quais estão as drogas ilegais e legais; as relações fetichistas de caráter masturbatório com computadores e com partes corporais adquiridas nas famosas lojas de artefatos para sexo, cujo uso torna a pessoa um acessório.

Com as pessoas “ficando” doidamente e geralmente de maneira insensata e irresponsável, temos a consagração cabal das relações fast food, nas quais os que delas desfrutam não se responsabilizam pela sorte do parceiro.

Evidente, afinal, que todos queremos atenção e compreensão, mas quantos de nós compreendemos que amor e amizade não existem sem responsável aprofundamento das relações e entendimento mútuo buscado, trabalhado, suado?

Prof. Jorge Melchiades Carvalho Filho

Fundador do NUPEP

Publicado na Folha Nordestina – edição de junho 2011

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